sexta-feira, 29 de outubro de 2010

ARQUÉTIPOS E INCONSCIENTE COLETIVO


A descoberta desta sabedoria inconsciente levou Jung a fixar sua atenção nos mitos e lendas religiosos, tentando determinar os símbolos universais mais significativos para a mente humana. Enquanto Freud encarava os mitos e sonhos a respeito da divindade como meros reflexos das primeiras experiências da criança com seus pais, ele os enxergava como manifestações do instinto interior da consciência humana, conduzindo à interpretação e ao crescimento.
Algo que particularmente o impressionava  era o fato de muitos de seus pacientes, totalmente desprovidos de convicção religiosa consciente e com pouco conhecimento sobre o assunto, sonharem com deuses em ascensão e queda, com batalhas entre anjos e diabos, com heróis divinos aniquilando monstros, etc.
Passou, então, a chamar esses grandes temas  universais de “arquétipos”, sugerindo que revelavam a existência de um fator mental, que denominou “inconsciente coletivo”, comum a toda raça humana. Assim, quando  um paciente seu mostrava-se incapaz de encontrar quaisquer associações pessoais com um tema ou imagem onírica, tentava a interpretação em termos de arquétipos, para os quais cada individuo dá sua própria configuração.
Por acreditar que o inconsciente possuía uma função “profética” ou “vidente”, Jung sempre procurou trabalhar com séries de sonhos, em vez de com sonhos isolados.
“Cada interpretação é uma hipótese”, diria ele, “uma tentativa de decifrar um texto desconhecido. É raro que um sonho, por ilhado e pouco obscuro que seja, possa ser interpretado com um mínimo de certeza. Por isso atribuo pouco peso à interpretação de um só sonho. A interpretação somente alcança uma segurança relativa no decorrer de uma série de sonhos, servindo os ulteriores para corrigir os erros a que os precedentes possam  ter induzido.
Um resultado significativo do seu trabalho foi o de abrir a possibilidade da interpretação dos sonhos às pessoas comuns, não pertencentes à atmosfera profissional das salas de consultas. Em particular aconselhava seus pacientes e leitores a meditar sobre o sonho até que despontasse o seu significado,indicando um método especial de meditação- o “diálogo interior”, onde o sonhador conversa com um de seus personagens oníricos.

Foi Gaston Bachelard quem, com sua filosofia da imaginação, descerrou de vez as portas entreabertas por Jung, restituindo à imagem a dignidade de que fora despojada pelo reducionismo freudiano. Alicerçado na admirável frase de Jacques Bousquet- “Uma imagem custa tanto trabalho para a humanidade como uma característica nova para uma planta”-, deu vida aos arquétipos descobertos pela psicologia profunda, considerando-os sublimações mais do que reproduções da realidade.
Bachelard mostra em seus livros como a imaginação onírica se apega às matérias e aos elementos, sonhando com eles, exercitando-se, através dos sonhos, para uma vida nova e dinamizando-se com se contato. E redescobre as afinidades que agrupam no inconsciente as imagens matérias em torno dos quatro elementos tradicionais: a água, o fogo, o ar e a terra.
Aqui se esboça uma psicofísica e uma psicoquímica dos sonhos capazes de adicionar às significações psicanalíticas novas dimensões oníricas: existe uma relação entre  a estrutura afetiva do homem e a física e a química das coisas; o sonho encontra-se  na encruzilhada  do movimento dialético que, transformando-as, as enfrenta sem cessar. O sonho do homem é sempre um sonho cósmico: um sonho da natureza nele e um sonho dele acerca da natureza. É o caminho que conduz ao mundo e mediante o qual se reúnem as grandes pulsações secretas do indivíduo, da espécie e do cosmos.


(Fonte: Uma revista velha, amassada e sem capa, portanto sem nomes e fontes)






Nota: Através dos sonhos é possível chegar-se à uma lucidez mesmo estando ainda sonhando. Essa lucidez nos permite fazer e “criar” coisas dentro deste “sonho”.
Para isso é preciso que se comece a lembrar dos sonhos, mantendo assim um diário com anotações dos mesmos, isso fará com que sua mente se acostume às imagens pertencentes ao plano onírico e então possibilitará o reconhecimento de um sonho quando se estiver em um.
É possível também que após esta “lucidez” e “consciência” de se estar sonhando, consiga imediatamente sair da tela onírica passando à uma viagem astral. A diferença será notada no mesmo momento, por isso é impossível que se sonhe estar numa viagem astral, porque se parecer sonho é porque é, uma viagem astral nada tem a ver com um sonho.
Os sentidos são mais intensos e a capacidade de pensar infinita.
Obs: Quando isso ocorrer deve-se manter a calma, a excitação faz com que se desperte e então cessa a experiência extracorpórea.



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