quarta-feira, 13 de abril de 2011

O Poder da Sugestão

“Eu faço minhas coisas, você faz as suas Não estou neste mundo para viver de acordo com as suas expectativas E você não está neste mundo para viver de acordo com as minhas Você é você, e eu sou eu E se por acaso nos encontramos, é lindo Se não, nada há a fazer.” (Oração da Gestalt-terapia)

O Poder da Sugestão


A palavra “sugestão” tem sido definida como “alguma coisa insinuada na mente, sutil e indiretamente”, ou “uma insinuação, uma idéia, algo apresentado à mente de modo direto”. Muitos apelos pessoais, feitos aparentemente à razão, são realmente feitos à parte emocional do indivíduo. Podemos sutilmente insinuar no argumento um apelo ao sentimento ou emoção da pessoa, na forma de uma idéia ou menção direta.


Tal idéia será “sentida” pela pessoa que a receberá na mente e, antes que a considere como um de seus próprios pensamentos, fá-lo-á sua. Julgará que a “pensou” porque a “sentiu” realmente e o sentimento foi excitado. Este é o caso da sugestão.


A sugestão se relaciona com os estados mentais de sentimento e emoção. A palavra “idéia” é derivada do grego e significa “ver”, ou seja, uma imagem mental ou uma emoção geral tomada na mente, uma imagem representada na mente, um símbolo de qualquer coisa pensada ou sentida. As idéias não são formadas apenas pelo pensamento; o sentimento concorre com a sua parte para a formação dessas imagens mentais.


A maior parte das idéias conservadas na mente dos homens tem sua origem no sentimento e na emoção. As pessoas não compreendem as coisas, mas experimentam os sentimentos e as emoções que dizem respeito a elas.


Igualmente, a pessoa não sabe “por que” conserva uma idéia; sabe apenas que “a sente” a seu modo: Pertencendo os sentimentos mais ao lado instintivos da nossa mente do que ao lado racional, irrompem das camadas subconscientes da mente, em resposta à causa excitante que vem de fora. Nessa parte instintiva são armazenadas as experiências, os sentimentos, instintos adormecidos, emoções, nossa herança do passado, à espera de uma causa favorável que a ponha novamente em atividade.


A razão ou juízo, age por meio da vontade, conforme o grau de desenvolvimento individual. Observando cuidadosamente homens e mulheres que se movem em torno de nós, chegaremos à conclusão de que a grande maioria das pessoas se move mais pelo sentimento do que pela razão. De fato, geralmente as pessoas não fazem as coisas porque são consideradas retas à luz da razão, mas porque “sentem” prazer em fazê-las.


Um apelo aos sentimentos e às emoções de uma pessoa produz maiores resultados do que se dirigidos à sua razão. É ainda o sentimento a mola que faz mover a massa, as ações da multidão. Podemos dividir a sugestão em três grupos: sugestão involuntária, sugestão voluntária e auto-sugestão.



Sugestão Involuntária:


Por sugestão “involuntária” compreendemos o uso da sugestão inconsciente, sem propósito particular. A todo o momento damos sugestões por palavras, maneiras, ações, geralmente aceitas por todos os que nos cercam. Inconscientemente, embora, influenciamos constantemente aqueles com quem entramos em relação.


Sugestão Voluntária:


Manifesta-se nos casos em que a sugestão se faz deliberada e propositalmente com o objetivo de impressionar outras pessoas. Podemos fazer com que uma pessoa “sinta” conosco, se influirmos na sua mentalidade emotiva, nos seus sentimentos.


Auto-sugestão:


Por este termo entende-se a sugestão que uma pessoa da à sua própria mente. Seus princípios são precisamente os mesmos que em outras formas de sugestão, apenas com a diferença em a pessoa aplicar o tratamento em si mesmo. Consideremos agora os meios de influência pessoal e os métodos empregados para seu uso, que chamaremos “meios sugestivos” e se dividem em Maneiras Sugestivas, Tom Sugestivo, Palavra Sugestiva.


Maneira Sugestiva:


Se uma pessoa se sente cheia de confiança, energia e coragem, sua aparência externa refletirá o seu estado interno, causando impressão favorável aos outros. Por isto, nos impressionam sempre as maneiras de um homem que manifesta energia, confiança em si mesmo e poder em todos os seus movimentos. E também porque nos inspira confiança uma pessoa cujas maneiras indicam-nos ser alguém em quem os outros depositam confiança.


Tom Sugestivo:


O tom sugestivo é adquirido pela ação, quando você expressa uma idéia com tanto sentimento que o ouvinte fica impressionado. Tornando os sentimentos flexíveis, eles se refletirão nas palavras. A voz indica sempre o estado mental interno. Com exceção dos olhos, nenhuma forma exterior de caráter responde tão prontamente ao estado mental interno com a voz.


Palavra Sugestiva:


Toda palavra traz um pensamento expresso. Assim, é importante escolher-se as palavras que deseja implantar na mente de outras pessoas. Tomemos, por exemplo, a palavra “forte”. Não sentimos sua força sempre que a ouvimos firme e sensivelmente pronunciada? Assim é a força da palavra. E o único meio indicado para se adquirir o uso das palavras sugestivas é o estudo das mesmas.


Todos os fenômenos da sugestão podem ser colocados dentro de quatro linhas gerais, ou vias de ação, a saber: obediência, imitação, associação, repetição. Analisemos:


Obediência:


A “sugestão” pela obediência consiste na exposição positiva, apropriação, atitude autoritária, etc., sobre a pessoa, tornando-a incapaz de oferecer oposição ou resistência. A mais comum das formas deste método de sugestão pode ser observada pelo consentimento geral a uma “real” ou “fictícia” autoridade, na maior parte das pessoas, as quais ao ouvirem uma exposição positiva feita em tom de convicção por qualquer outra pessoa, aceitam-na sem apresentar resistência, sem mesmo submeter a matéria ao domínio da inteligência, ao exercício da razão.


É realmente espantoso ver a obediência das massas a esta forma de sugestão, o que permite que sejam induzidas por discursos de indivíduos astuciosos e mal-intencionados, assim como por fanáticos que as influenciam e dominam. Tais indivíduos usam uma linguagem oracular e opiniões em tom de certeza absoluta, que as multidões acolhem e aceitam, sem nenhum raciocínio.


O povo é um animal obediente, contanto que se lhe possa imprimir autoridade para ele, é mais fácil obedecer do que recusar. Acha mais fácil dizer “sim” do que “não”. Sua vontade não é posta em ação pelo raciocínio, mas pelo sentimento e pelo lado emocional.


Imitação:


A “sugestão pela imitação” é, talvez, a mais comum de todas. O homem é essencialmente um animal imitador. Copia sempre as ações, as maneiras e as idéias alheias. As pessoas recebem constantemente as sugestões de estados mentais, sentimentos e emoções daqueles que as cercam e as reproduzem em seus próprios atos.


Em sua grande maioria, os homens são como carneiros que seguem o guia por todos os caminhos. Fazemos constantemente coisas, porque os outros as fazem. Somos servis imitadores em nossos modos, estilos, formas, etc. Indivíduos inteligentes e maliciosos fazem com que alguns se interessem por certas coisas, conseguem estabelecer a moda, muitas vezes ridícula, e a multidão de carneiros humanos a segue.


De modo geral, todas as pessoas são mais ou menos suscetíveis a essa forma de sugestão, o grau de aceitação dependendo do hábito de pensar, julgar e agir de cada um. Associação: Outra forma de sugestão também bastante comum. Baseia-se sobre as impressões adquiridas, pelas quais, certas palavras, ações, maneiras, tons, aparências, etc., se associam com certos estados mentais experimentados antecedentemente.


É o que comumente conhecemos como “associação de idéias”. Toda a força e efeito das palavras dependem do sentimento associado de que elas são símbolos. A sugestão mental dessas palavras se opera pela apresentação do símbolo externo associado ao sentimento a ser induzido.


Repetição:


Seu segredo se assenta nos fatos psicológicos de enfraquecer resistências pela repetição do “ataque” À primeira sugestão, a mente apresenta uma resistência ativa; na segunda vez, não estando tão estranha como antes, apresenta uma resistência menor; e assim por diante, até que finalmente cessa a resistência.


A sugestão é aceita. Alguém disse certa vez: “o vício é um monstro horrível, mas, visto muitas vezes, primeiro o sofremos, depois o lastimamos e por fim o abraçamos”. Esta regra explica as sugestões. Primeiro resistimos, depois, toleramos; em seguida, aceitamos. As idéias sugeridas pela repetição, tornam-se familiares; perdem o seu caráter estranho e, finalmente, não nos inquietamos mais com elas.


A sugestão ganha força pela repetição. Esta é uma das leis fundamentais da sugestão, que nunca deve ser esquecida.


O homem que possui confiança em si mesmo não é facilmente afetado por uma sugestão.



“Uma coisa falsa nunca poderá se tornar verdadeira, por ser muitas vezes repetida. Será falsa sempre”.


(Enciclopédia Contemporânea de Psicologia e Relações Humanas)

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